Em Adonara, ilhéu vulcânico situado a norte de Timor e a leste da ilha de Flores, subsiste uma comunidade católica que reivindica ascendência portuguesa. A ilha vulcânica foi tocada pelos nossos navegadores a partir do segundo quartel do século XVI, inscrevendo-se no circuito do comércio do sândalo. Ali se estabeleceram comerciantes portugueses que depressa se misturaram com as locais, dando origem a uma cristandade tida por muito leal à Coroa portuguesa. Em finais do século XVI, já havia duas paróquias, atestando o impacto da missionação entretanto desenvolvida.
Contudo, esse povo dedicado e orgulhoso da sua portugalidade, foi traído por um governante. Em 1851, José Joaquim Lopes de Lima, ao tempo governador de Timor e Solor – figura que já dera sobejas provas de imperícia, peculato, prepotência e roubo nas funções que antes ocupara – decidiu unilateralmente, e sem autorização de Lisboa, vender a ilha aos holandeses.
Ainda hoje, para quantos arribam àquela remota ilha situada nos antípodas, surpreende o fervor que ao nome de Portugal ali é cultivado.